OBJETO
O objeto social da atividade da Coop 99 é a criação de uma alternativa económica que, por um lado, reúne as iniciativas de auto-organização económica de cada pessoa cooperadora e, por outro, serve de apoio à estimulação dos seus projetos, serviços ou produtos que garantem a sustentabilidade da vida. Trata-se de uma cooperativa integral que através de uma gestão participada de cada ramo, opera nas áreas sociais e económicas necessárias ao viver, promovendo o equilíbrio e o bem-estar a cada uma das pessoas cooperadoras, isto é: reforça o apoio mútuo, a autonomia, a partilha de recursos e saberes, promove dinâmicas de não dominação, de cuidado e a proteção e regeneração ambiental.
O primeiro fator que nos une é a necessidade de garantir a nossa subsistência de forma mais digna e justa, tendo em consideração as necessidades da comunidade local e a harmonização de todas as atividades com a Natureza. Por isso, criámos uma alternativa económica que se quer afirmar politicamente como transformadora que, por um lado, garante uma renda a cada pessoa cooperadora, através do apoio à criação de negócios próprios, da implementação de projetos e da venda de produtos e serviços de cada pessoa e, por outro lado, concretiza uma dinâmica cooperativa, de ajuda mútua que atende a integração de cada pessoa na comunidade e a regeneração ambiental. Temos Assembleias regulares para decisões de caráter social e profissional, temos grupos de trabalho em várias áreas e Assembleias de Cuidado para atender a necessidades de cariz emocional e ao trabalho reprodutivo. Temos também recursos comuns a partilhar: uma plataforma legal já formalizada, espaço na sede, Contabilista, sistema de faturação, loja, site com vendas online, atenção e cuidado, convívios e saberes e outros recursos que partilhamos com todas as pessoas cooperadoras e todas as que se quiserem juntar!
IMAGEM INCLUSIVA
Coop 99 é o nome que escolhemos para enfatizar a importância da união de todas as pessoas que vivem amarradas a um sistema económico que fomenta desigualdades, discriminação e injustiça social. Sabias que apenas 1% da população mundial detém mais da metade da riqueza global? E que esse 1% acumulou quase ⅔ de toda a riqueza gerada desde 2020? Além disso, são os mais abastados os que mais degradam o nosso precioso Planeta. Esses dados, regularmente atualizados pela OXFAM, Wid World, entre outras organizações internacionais, denunciam a completa e crescente ineficácia do sistema económico vigente, bem como dos governos, em garantir uma distribuição equitativa de riqueza.
Nós representamos a maioria capaz de forjar alternativas mais justas. O caminho a seguir é o da cooperação, não o da competição. Ao colaborarmos, estamos a demonstrar que a verdadeira riqueza reside na solidariedade e na partilha. O caminho é o do respeito pela Natureza e a defesa intransigente da Sustentabilidade da Vida.
O nosso logo é de cor preto porque foi escolhido para ser inclusivo, minimizando as diferenças no espectro do daltonismo. Um certo tom de azul e verde foram também selecionados com base em pesquisas, para abranger a maioria das percepções, por isso, sempre que necessário usaremos estas cores. A neutralidade linguística é um dos nossos compromissos, por isso, o nosso site oferece leitura em áudio. A nossa sede é acessível, com rampas e instalações para mobilidade reduzida e queremos fazer mais e melhor! Estamos em constante evolução e abertos a sugestões, pois a jornada é coletiva. Junta-te a nós!
PRINCÍPIOS
A Cooperativa deverá respeitar, na sua atividade, os seguintes princípios e critérios de gestão e convivência:
a) Transparência: todos os processos de governação e decisão devem estar abertos a todas as pessoas cooperadoras, nomeadamente, as reuniões de direção, a consulta de documentação inerente à gestão da cooperativa e seus projetos, entre outros; também a relação entre as pessoas deve ser baseada na transparência e na autenticidade, podendo estas serem facilitadas pelas assembleias de cuidados mensais.
b) Cooperação, apoio mútuo e intercooperação: todas as pessoas devem cooperar e apoiar cada uma das outras cooperadoras, quer no desenvolvimento dos seus projetos e negócios, quer nas dimensões mais pessoais que sejam partilhadas; todas as pessoas devem unir-se em torno de uma alternativa económica que fomenta a geração de renda, ao mesmo tempo que promove o apoio mútuo e a coesão comunitária; a cooperativa deve, também, cooperar com outras cooperativas e outras organizações para a prossecução do seu objeto e (re)construção do sentido de comunidade mais ampla.
c) Organização, autogestão e copropriedade: qualquer pessoa deve participar e contribuir para qualquer área de gestão e processos de tomada de decisão assembleares, devendo as tarefas da cooperativa serem distribuídas de forma equitativa por todas as pessoas cooperadoras, garantindo a eficácia dos procedimentos internos, de organização e gestão financeira; todas as pessoas cooperadoras são responsáveis e repartem a propriedade, as despesas e as receitas da cooperativa, devendo usufruir de formação e de todos os benefícios dos fundos de reserva obrigatórios por lei.
d) Participação Assemblear e Compromisso: todas as pessoas cooperadoras, de forma autónoma, devem responsabilizar-se e participar na condução de atividades necessárias à dinamização da cooperativa, sendo todas as decisões gerais tomadas nas Assembleias regulares; esta participação está associada à importância da promoção do interesse e reforço do poder da comunidade local.
e) Equidade, razoabilidade e proporcionalidade na fixação de comissões, taxas e preços: deve garantir-se o acesso de todas as pessoas cooperadoras e de toda a comunidade em geral, quer aos serviços da cooperativa, quer aos produtos, serviços e negócios de cada pessoa cooperadora.
f) Gestão eficiente dos recursos disponíveis: todas as pessoas devem reduzir o consumo e o desperdício no geral e responsabilizar-se pela gestão, o mais eficiente possível, dos recursos humanos, naturais e materiais, necessários à gestão da cooperativa e da sustentabilidade da vida; devem preferir-se, sempre que possível, produtos ecológicos, de origem não animal, locais, sazonais, familiares, justos e solidários.
g) Não dominação e não discriminação: nenhuma pessoa tem predominância face a outra; não são permitidos qualquer tipo de agressão ou formas de discriminação, nem dominação; todas as pessoas têm os mesmos direitos e deveres independentemente da classe, raça/etnia, género, orientação sexual, origem geográfica, religião, estatuto de imigração, idade, diversidade neurofuncional, ou por qualquer outra razão/identidade.
h) Valorização, em igual medida, do trabalho produtivo e reprodutivo: as tarefas reprodutivas devem ser incluídas nos planos de trabalho produtivo; devem promover-se políticas de gestão interna capazes de garantir a distribuição do trabalho reprodutivo e de cuidado por todas as pessoas de forma, o mais justa e equitativa possível.
i) Adesão voluntária e livre: cada pessoa cooperadora é livre de se juntar ou de sair da cooperativa, devendo garantir-se o respeito pela escolha de cada pessoa.
j) Cuidado, acolhimento e afeto: cada pessoa cooperadora deve buscar, dentro das suas limitações individuais e culturais, práticas de cuidado, acolhimento e afeto visando a construção de relações profundas, promotoras de experiências de transformação social em prol do bem comum, de um outro sentido de ser e estar que ultrapassa o individualismo, encontrando o todo enquanto parte de si.
k) Sustentabilidade da Vida no centro de todas as atividades: subjacente a todos os anteriores princípios está o inteiro respeito pela vida, em todas as suas formas e expressões, e o dever de perceber que somos todas as pessoas parte de um todo que precisa de cuidado.
COMO E PORQUE NASCEMOS
A Coop 99, Cooperativa Integral do Porto, começou a germinar em 2020 devido ao aumento do desemprego, do individualismo e dinâmicas de dominação que, cada vez mais, destroem as raízes identitárias e as dinâmicas comunitárias dos Portuenses e de todas as pessoas que escolhem o Porto para viver. Depois de uma proposta reprovada no âmbito do orçamento participativo de uma Junta de Freguesia do Porto, em 2023 um grupo mais alargado de pessoas, amigas, colegas de trabalho, ou apenas com afinidades pela criação de uma alternativa económica transformadora, sentiu a necessidade de criar no Porto um espaço coletivo de auto-organização económica e de regeneração ambiental. Esta iniciativa garante as condições legais para a criação e desenvolvimento de Produtos, Projetos e Negócios individuais e, ao mesmo tempo, para a construção de dinâmicas de cooperação, de solidariedade, de cuidado e regeneração ambiental. Se cada pessoa, individualmente, não tinha a força, a capacidade económica, ou todos os saberes e ferramentas necessários à criação de uma iniciativa económica viável e motivadora, juntas pensaram na possibilidade de partilhar recursos e saberes que criassem as condições para os seus projetos e negócios e para outras pessoas das suas redes de contatos ou da mesma comunidade. A colaboração com a rede de cooperativas integrais, a formação partilhada e o apoio de outras cooperativas que já tinham trilhado o caminho da criação de iniciativas transformadoras em Portugal ajudaram a desenvolver a ideia de negócio e a clarificar inúmeras dinâmicas organizacionais necessárias. Muito agradecemos a todas as pessoas que confiam e querem fazer mais e melhor dentro deste coletivo.
7 RAMOS COOPERATIVOS
Na Coop 99 todos os ramos se conjugam numa cooperativa multisetorial (designação legal) que pretende cobrir todos os setores de atividade necessários ao Viver; como essas atividades são criadas em conjunto com as outras pessoas cooperadoras que compõem a Assembleia da Coop 99, como têm por base a cooperação e a ajuda mútua, como há uma raiz autogestionária na dinâmica organizacional e como se centram em todos os aspectos da vida como a Economia, Política, Educação, Saúde ou Alimentação, procuram uma transformação Social com base no local e no reforço do sentido de comunidade, a Coop 99 define-se como uma Cooperativa Integral.
SERVIÇOS
No ramo de serviços a cooperativa tem como objeto a prestação de serviços necessários, pelas pessoas cooperadoras ou a eles destinados, à sustentabilidade da vida, em áreas como por exemplo, saúde, arquitetura, consultoria, restauração, contabilidade, educação, design, limpezas, direito, canalização, engenharia, entre outras, consoante os ramos de atividade ou necessidade de cada pessoa cooperadora.
COMERCIALIZAÇÃO
No ramo de comercialização a cooperativa tem por objeto adquirir, armazenar e fornecer às pessoas cooperadoras comerciantes, os bens e serviços necessários à sua atividade comercial, e colocar no mercado os bens produzidos ou transformados pelas pessoas cooperadoras, de forma mais local, ecológica, justa e solidária possível.
CONSUMIDORES
No ramo de consumidores a cooperativa tem como objeto o abastecimento das pessoas cooperadoras em termos de bens essenciais, para seu consumo e dos seus familiares, através da criação de um mercado próprio e de um sistema de trocas entre pares baseado no apoio mútuo e na promoção do consumo consciente, o mais local, ecológico, justo e solidário possível.
AGRÍCOLA
No ramo agrícola, a cooperativa tem por objeto, numa perspetiva de polivalência, a produção agrícola, florestal e regenerativa; recolha, concentração, a transformação, a conservação, o armazenamento e o escoamento de bens e produtos provenientes das explorações de pessoas cooperadoras; a instalação e a prestação de serviços às explorações de pessoas cooperadoras, nomeadamente de índole organizativa, técnica, tecnológica, económica, financeira, comercial, administrativa e associativa.
CULTURA
O ramo da cultura tem como objeto a partilha de saberes, conhecimentos, criatividade e talento individuais e coletivos, essenciais ao desenvolvimento humano, ao reforço do sentimento comum de identidade e da coesão social. Pode materializar-se na construção de obras, instalações, espetáculos, cinema e audiovisuais, artes editoriais, teatro, dança, música, e outros eventos, movimentos e produtos artísticos e culturais.
HABITAÇÃO
No ramo de habitação e construção, a cooperativa tem como objeto a aquisição de terrenos ou edifícios, e a construção e reabilitação de edifícios de forma o mais local, ecológica, justo e solidária possível, destinados a prover as necessidades habitacionais das pessoas cooperadoras.
SOLIDARIEDADE SOCIAL
O ramo da solidariedade social tem como objeto a satisfação de necessidades pessoais e sociais de pessoas, famílias e/ou comunidades que se encontrem em situação de vulnerabilidade e com acesso limitado a qualquer direito fundamental, são caso disso: a liberdade, de movimento, de pensamento de expressão e de associação; o acesso à saúde; o acesso à educação; o acesso ao emprego e remuneração justa; à alimentação, vestuário, habitação dignas; ao lazer; à cultura; à segurança social; à igualdade no acesso e tratamento perante a justiça; à proteção face a qualquer forma de violência, exploração, escravidão; igualdade independentemente da classe, raça/etnia, género, orientação sexual, origem geográfica, religião, estatuto de imigração, idade, diversidade neurofuncional, ou por qualquer outra razão/identidade, de forma a garantir coesão social e uma sociedade mais justa socialmente e com igualdade de oportunidades para todas as pessoas.